Encontro Alfagraça

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pr. Daniel FALANDO FRANCAMENTE

 Ontem me veio à memória fatos de meus primeiros anos em Betim e Nova Canaã.
Éramos ainda poucos, desprovidos de recursos e cultuando em salão alugado.
Sempre aos domingos, ao cair da noite mas antecedendo o culto, descíamos em grupo, jovens em sua maioria, para a praça central e ficávamos em círculo, bem próximos ao Banco Nacional(hoje, Unibanco/Itaú). Enquanto cantávamos as pessoas iam se aproximando; pregávamos e terminávamos cantando, com muita gente à nossa volta. Então nos dirigíamos para o culto no salão, não sem antes fazer um arrastão, levando conosco tantos quantos pudéssemos fazê-lo.
Lembrei-me ainda de uma de nossas várias idas ao sertão mineiro, em ônibus especial, para retiro de oração e estudos bíblicos.
O local de hospedagem da caravana ficava 30 quilômetros distante da cidade de Bocaiúva, onde havia uma igreja pequena e muito carente. Metade do percurso(cerca de 30 Km) era estrada de terra, em precárias condições. Tínhamos, no decorrer do dia, reuniões de estudo bíblico e intercessões. Bem à tarde, subíamos na carroceria de um caminhão aberto, tipo pau-de-arara, e rumávamos para a cidade, onde cantávamos e pregávamos, com apresentações especiais. Lá pelas 22:00 horas, retornávamos para a fazenda(local do acampamento), chegando próximo da meia-noite, irreconhecíveis, tão cobertos estávamos de poeira. Empoeirados sim, mas felizes, radiantes e prontos para o dia seguinte.
O que estou querendo dizer com estas lembranças?
Há duas coisas que se não existirem em nós, e não andarem juntas, tornará a fé uma coisa vazia, insossa e completamente destituída de sentido. Um mero clube de amigos que se encontram para coisas boas, sim, mas passíveis da rotina e da trivialidade. Refiro-me ao ideal da fé, alavancado pela paixão.
É evidente que hoje não mais cabem ações do tipo que acabei de contar. O mundo mudou, os tempos mudaram e a igreja tem mudado... para pior!
Hoje temos a facilidade da telefonia, da Internet, da comunicação abundante, do carro ao alcance de muitos, ferramentas impensáveis há trinta, quarenta anos.
Digo que não estou com saudosismo das ações de uma época que já se foi. Os tempos mudam, a cultura muda, as circunstâncias se alteram.
Há, no entanto, uma coisa que não pode mudar, que não se pode perder: A priorização dos ideais de fé, a paixão, a garra, o espírito de sacrifício e de doação. Se estas coisas morrem em nós a vida se transforma num engano, numa grande bobagem. Um amontoado de frescuras e vaidades. E o nosso mundo interior pede mais que isso. Ele nos diz que antes de sermos feitos para esta vida, fomos feitos para a eternidade.
Não estou estimulando ninguém a embarcar no velho ativismo religioso, que engana, que desfoca, que cansa, que estressa, que consome energias para, ao final, se concluir que não se passou de instrumento útil de instituições que se retro-alimentam.
Estou, isto sim, exortando a caminharmos na direção daquilo que de fato é relevante.
Estou dizendo que precisamos ser idealistas, solidários e apaixonados por Jesus e pelo seu Reino.
Estou dizendo que precisamos de mais garra, mais disposição, mais amor à causa que entendemos ser verdadeira e razão de nossos ideais de fé.
Estou dizendo que precisamos contribuir financeiramente para que avancemos. Porque “onde estiver o vosso tesouro aí estará o vosso coração”
Estou dizendo que precisamos oferecer o nosso ombro amigo àqueles que estão precisando de carinho e de consolo.
Estou dizendo que precisamos comunicar Jesus através da vida e de ações concretas de misericórdia, que exijam de nós renúncia e desprendimento. A Isabela tem-nos chamado para um natal de crianças pobres no Marimbá, com a doação de lápis e coisas do gênero. Vamos ou não vamos? Você vai ou não vai? Afinal, o que de fato queremos? Porque se declaramos que somos seguidores de Jesus de Nazaré mas não abandonamos nossa zona de conforto, ou seja: não tiramos nossos pijamas e camisolas para por a roupa de luta e de trabalho, é sinal de que nada temos a ver com o Reino que, de boca, proclamamos.
O Reino pede de nós coragem, sacrifício e dedicação. Jesus foi terrivelmente exigente: “Aquele que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”
Então:
- Que contribuamos financeiramente, sem miséria, sem álibis, sem justificativas. Com alegria, com amor, com paixão e desprendimento.
- Que levemos água para quem tem sede, no mais amplo e abrangente sentido.
- Que alimentemos o faminto, de verdade e sem cobranças.
- Que abracemos a prostituta e sejamos piedosos com o homossexual, sem medo das insinuações e cobranças dos fariseus.
- Que tomemos café nos domingos pelas manhãs com pessoas que por ai estão, segregadas e discriminadas.
Porque só há uma maneira de seguir a Jesus: No próximo!
- Jesus tem que ser visto naquele que tem sede, no que está enfermo, no que está nu, no que está doente, no que está discriminado pela “igreja” e pela sociedade.
Se ficarmos estanques, acomodados em nossa vidinha e zona de conforto, logo estaremos enfadados e remoendo nossas próprias contradições.
Diz a Palavra divina “Levantai-vos e andai porque aqui não é o vosso lugar de descanso”.
Reflita e se posicione!
Um beijo,
Dnl

2 comentários:

Suzana disse...

Que texto forte!
Que chamada desafiadora!
...E os campos estão "brancos" à espera de ceifeiros que se posicionem.
E agora, José?

AJr disse...

"No meio do caminho tinha uma pedra..."
Pedra que faz parar para pensar...
Pensar em removê-la...
Pensar em por que está ali...
Refletir...
Esse texto causa reflexão.
Reflexão que precisa causar ação.
Parafraseando um compnheiro de caminhada: "Melhor não ser nada do que ser desgraça de coisa nenhuma".