Crises da Vida - Por Rafael Rodrigues

CRISES DA VIDA - ACONSELHANDO UNS AOS OUTROS - PARTE 1

As angústias, incertezas e aflições da presente época, tornam cada vez mais comuns as experiências de crises no cotidiano das pessoas. Instabilidades de ordem emocional, financeira, acadêmica, familiar, ecológica, entre outras; e a falta de referenciais religiosos, éticos e morais; provocam um desequilíbrio interno no ser humano pós moderno, gerando neste uma intensa ansiedade e uma incessante busca por conforto e um novo equilíbrio.

As comunidades de fé são um dos lugares onde as pessoas em crise se movimentam a fim de encontrar acolhimento para suas emoções e alguma orientação para as suas vidas que aponte uma luz no fim do túnel. Sendo assim, faz-se necessária uma reflexão de como as comunidades de fé podem cooperar na restauração do equilíbrio do ser humano  em tempos de crise.

Inicialmente é importante compreender o que significa uma crise. Uma das definições que mais me chamam a atenção é a do pastor Jorge Maldonado que conceitua a crise como “um estado temporário de transtorno e desorganização, caracterizado principalmente pela incapacidade do indivíduo ou da família de resolver problemas usando os métodos e as estratégias costumeiras”. Podemos então afirmar que as crises fazem parte da experiência humana universal, sendo uma forma normal de reação das pessoas às ameaças internas ou externas que não podem controlar.

Os principais tipos de crises estudados pela psicologia pastoral são, resumidamente, as crises circusntanciais que se referem a acontecimentos acidentais e inesperados como doença ou perda de emprego; crises de desenvolvimento, aonde alguma etapa do desenvolvimento humano foi mal assimilado, como por exemplo, a chegada da adolescência dos filhos; crises estruturais que tem a sua origem nas bases da personalidade e da estrutura familiar; crises de desvalia, que ocorrem quando uma pessoa se torna dependente de cuidados especiais por motivo de doença ou fase da vida, como os idosos; e crises existenciais, em que as pessoas se deparam com verdades perturbadoras sobre elas mesmas que necessitam de tempo e esforço para serem processadas. 

            Quanto à dinâmica de uma crise, geralmente há uma seqüência de fatos entre o estimulo inicial até a crise propriamente dita. Na minha pesquisa, identifiquei as seguintes fases:  (1) ameaça, tragédia, problema ou perda geram (2) aumento do estresse e ansiedade; (3) estratégias habituais para solucionar o problema fracassam; (4) novamente aumento do estresse; (5) mobilização de novos recursos de emergência; (6) se os recursos  disponíveis são insuficientes, uma crise se estabelece.

Geralmente, o estresse causado por problemas é reduzido com rapidez por meio do uso de habilidades e aptidões conhecidas para a resolução dos mesmos. Contudo, a crise se instaura no interior das pessoas quando percebem que seus recursos disponíveis são ineficazes para solucionar seus problemas, fazendo com que a tensão por necessidades não satisfeitas aumente cada vez mais.

Existem também pessoas que ao passar por diversas crises na vida, aprendem a administrá-las de forma positiva, não se deixando abater diante de uma forma já vivida de crise, tornando-se apoio para outras pessoas em situações semelhantes.

Então, nas próximas reflexões, veremos alguns exemplos bíblicos sobre crises, e algumas dicas de como ajudar pessoas a superarem seus conflitos.

“E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento aptos para vos aconselhardes uns aos outros.” Romanos 15:14.

Rafael Rodrigues - o "Rafinha" - é fisioterapeuta, graduado em teologia, pós-graduado em aconselhamento pastoral, e mestrando  na EST - Escola Superior de Teologia em São Leopoldo/RS. Pessoa querida, foi apresentado a Deus tão logo nasceu, pelo pastor Daniel, que também celebrou o casamento de seus pais. Foi líder do Ministério de louvor da Igreja Batista Nova Canaã, tendo crescido no meio da maioria de nós.

Ps.: A continuidade desta série de artigos será semanalmente publicada às terças-feiras. Os comentários são um importante retorno para o autor.