Crises da Vida 2 – por Rafael Rodrigues

Oi gente! devem estar pensando o que faz uma foto e uma fala minha no espaço do texto do Rafa, É que não posso deixar de fazer um comentário antes da postagem do texto dele, que me deixou MUITO FELIZ!!! É que tomei conhecimento que esse artigo (completo) do Rafa, que temos postado semanalmente, em partes, aqui no blog, foi escolhido para ser apresentado no Congresso da ANPTECRE - Associação Nacional de Programas de Pós Graduação em Teologia e Ciências da Religião, que acontecerá nos dias 02, 03 e 04 de maio na Universidade Mackenzie, em São Paulo, com passagem aérea paga pela CAPES. Então não podia deixar de expor minha alegria e orgulho pelo "NOSSO" Rafinha estar se destacando dessa maneira. Ele merece e Deus fará muito mais nele e por meio dele! Parabéns, viu Rafa? Eu e minha família estamos muito felizes por você! E tenho certeza de que posso dizer, também, pelo Fora do Arraial. Deus te abençõe muitão. Suzana.

CRISES DA VIDA – AJUDANDO UNS AOS OUTROS – Parte II

            Continuando nossa reflexão sobre as crises da vida, nesta parte vamos iniciar uma análise de como as Escrituras Sagradas abordam a temática das crises. Quando vamos para os textos bíblicos observamos que personagens como Adão, Caim, Noé, Jó, Davi, Elias, dentre outros, tiveram seus momentos de crise narrados com detalhes no Antigo Testamento.

O próprio Jesus também passou por algumas crises, sobretudo, na época da crucificação; assim como os seus discípulos, o apóstolo Paulo, e outros primeiros cristãos. São várias as cartas do Novo Testamento escritas para consolar e auxiliar comunidades cristãs em crise.

Porém, existe um homem, cuja história se encontra no Antigo Testamento, que devido a sua atividade profética vivenciou diversas crises durante a sua jornada: o profeta Jeremias. E no livro de Jeremias, percebe-se uma grande variedade de relatos biográficos sobre este profeta, algumas vezes na primeira pessoa do singular, o que demonstra que o próprio profeta expôs diante de Deus as suas dúvidas, questionamentos e angústias; e do mesmo modo, palavras de reconhecimento da grandeza e do poder de Deus e, principalmente, as mensagens divinas para o seu povo.

            Segundo um pesquisador alemão do Antigo Testamento, Von Rad, ao comparar os textos de Jeremias com outros textos proféticos, há uma mudança relacionada ao enfoque temático, uma vez que nestes textos o objeto de descrição se concentrava na atuação profissional dos profetas, e em Jeremias a ênfase está na sua vida de crises e sofrimento.

            Jeremias era de origem rural e nasceu aproximadamente entre 650 e 645 a.C. na região de Anatote, no território de Benjamim, situado a cerca de seis quilômetros a nordeste de Jerusalém. Era filho do sacerdote Hilqiáhu, descendente de Eli de Shilô.  O ministério do profeta divide-se em três grandes blocos: o reinado de Josias (640-609 a. C.), o reinado de Jeoaquim (609-598 a.C.),  e o reinado de Sedecias (597-587 a. C.).

            O chamado de Jeremias para o ministério profético aconteceu durante o reinado do rei Josias, aproximadamente em 627 a.C. Provavelmente nesta época ele era bem jovem, e o seu ministério durou cerca de quarenta anos, estendendo-se até os últimos dias da autonomia do reino de Judá enquanto nação (586 a.C.). Lembrando que a nação de Israel havia sido dividida em reino do sul, denominado Judá, e reino do norte, denominado Israel, após a morte do rei Salomão.

            Outro pesquisador do AT, Julián Martorell, defende que a vocação profética de Jeremias se iniciou na sua infância, mais precisamente quando ainda estava no ventre de sua mãe e toma como base o texto descrito no livro de Jeremias 1,5-10:

Antes de formá-lo no ventre eu o escolhi; antes de você nascer, eu o separei e o designei profeta às nações. Mas eu disse: Ah, Soberano Senhor! Eu não sei falar, pois ainda sou muito jovem. O Senhor, porém, me disse: Não diga que é muito jovem. A todos a quem eu o enviar você irá e dirá tudo o que eu lhe ordenar. Não tenha medo deles, pois eu estou com você para protegê-lo, diz o Senhor. O Senhor estendeu a mão, tocou a minha boca e disse-me: Agora ponho em sua boca as minhas palavras. Veja! Eu hoje dou a você autoridade sobre nações e reinos, para arrancar, despedaçar, arruinar e destruir; para edificar e plantar.

Observa-se que inicialmente Jeremias hesitou em responder a vocação divina sob o pretexto de que era muito jovem, porém Deus lhe respondeu afirmando que sempre estaria ao seu lado para protegê-lo, e lhe concederia a capacitação e autoridade necessária para exercício do ministério profético.

A presença dos verbos: arrancar, despedaçar, arruinar e destruir demonstra Deus deixando claro o conteúdo da mensagem profética que ele colocaria na boca de Jeremias, e esta se constituiria de um discurso duro e exortativo. Sendo assim, pressupõe-se que a sua mensagem desagradaria a muitos.

Contudo, na próxima reflexão, discutiremos quais foram as crises enfrentadas pelo profeta Jeremias no exercício do seu ministério, e a forma como ele lidou com as mesmas.